19 setembro 2014

Rascunhos


eu sempre fiz rascunhos na minha mente
de como agir e escapar
mas nunca foram nada mais do que rascunhos
guardados, rasgados, mantidos em segredo

eu me considero uma péssima pessoa
não gosto de como eu encaro a vida
nem de como eu tomo as minhas decisões
mas meus rascunhos são bonitos
e neles eu me gosto

neles eu danço nas ruas sem ligar
eu faço o que é certo porque quero
eu tenho certeza
e eu não preciso me afirmar

nos meus rascunhos tudo dá certo
de um jeitinho que ainda tem espaço pro erro
aquele erro gostoso que ensina
e deslisa

11 setembro 2013

Sal a gosto

Um minuto e mais um espaço para poder pensar
As massas juntas ao encontro do mar,
Cada onda é uma amostra de como se desmonta
Em vaidade e forte ego os princípios morais.

Dói o mar, sangra em desgosto e o sal arde
Em tudo aquilo que se afogou. 
Que me perdoe o majestoso mar, 
Mas o agitado das ondas parecia-me mais 
Uma azia mal curada, que revira tudo de mal pensar.

Um assobio do vento me veio passeando pela nuca,
Que mais parecia um canto de viúva que perdeu o amor paro mar.
As gaivotas dançavam uma valsa no céu com harmonia,
Pareciam bailarinas em um recital.

Limões em formas de rostos se desfaziam 
Na fumaça dos cigarros, o frio secava as lágrimas
De quem ainda tinha um pouco de cada.
As pessoas compravam um pouco de calor 
Em forma de garrafa para aquecer a alma.

Não me espantaria a falta de algumas almas
Pois muitos já me pareciam tê-las vendido por umas graças,
Por um pouco de raça até para não fazer feio 
Com o resto da farsa.

24 agosto 2013

2:00 a.m de outra vida

2:00 a.m marca o relógio, sem querer acordei com o temporal que caía lá fora.
A janela com suas sombras dançando entre o reflexo das luzes da rua e os pingos de chuva que caíam respectivamente, invadiram meu quarto. Ao olhar pela janela, vi que a cafeteria da esquina estava aberta, sem que o acordasse, fui de encontro com o momento.
- Um café, por favor! -Pedi a garçonete, com a cara melancólica, ela portava uma foto de um homem com a cara de malandro, logo no bolço abaixo do avental. Devia ser seu namorado, pensei.
-O café, senhorita!
- Obrigada! - Respondi sem demora.
Observando a minha frente, um rapaz sentou-se na mesa que fazia de companhia a minha. Seu olhar penetrou no meu, e os dentes a mostra me deu uma cerimônia. Assenti que sim. O rapaz havia se sentado na minha mesa. Não nos falamos por uns minutos, o café esfriava e a chuva não parava.
- Você vem sempre aqui? - Não conseguia pensar em nada melhor para perguntar!
- Não! E você? - perguntou se fechando.
- O que você faz aqui? - Perguntei engolindo a pergunta que havia me feito. Ele riu desconcertado, triste mas mesmo na invasiva que fiz, respondeu sem que o silêncio voltasse a nos invadir.
- Fui pedir para que ela voltasse comigo, minha ex. Eu sei, parece patético não é?
- 2:00 da madrugada?! - No olhar daquele homem dava-se para ver aquela mulher em que o atormentava as lembranças.
Assenti que sim, e demos risos.
- Sim, é patético! - E o silêncio outra vez nos incomodava.
- Meu namorado mora naquele prédio do outro lado da rua!
- Sorte a nossa, não é? - E os olhares não se cansavam.
-  Estamos fechando! - Comunicou o garçonete do café, acabando com a festa dos solitários.
- Eu pago! - Disse ele sem que eu pudesse o  alcançar com uma resposta. E ainda perguntou:
- Posso te acompanhar? Digo, até o outro lado da rua?
Não via problema em deixá-lo me acompanhar, pobre homem, pensei!
Assenti que sim. O frio me tomava conta, atravessamos a rua e logo naquela melancolia agradeci.
- Espere! - Disse sem que ele fosse muito longe. Ele se aproximou sem entender. Eu o beijei no rosto. Ele me abriu um sorriso amarelo, como quem quisesse desabar ali nos meus braços. Não o vi mais, mas eu sabia que precisava estar ali, naquela noite. Fiquei com uma estranha sensação de que o conhecia em outra vida.

31 julho 2013

Agosto, meu caro amigo

Agosto, seja sincero!
Pois os sentimentos passam com o vento
Você é meu amigo, me diga, são coisas do momento?
Andei te notando meio infinito, e distante
Eu sei, já entendi, é o tal do amor
Que me abriga o peito e a nossa relação
Você sabe, é que ando meio azarento
Me diz assim, como quem não quer nada
Se não, enterrarei eu, meu coração
Essa agonia que acompanha a minha prosa
Nas suas tardes intermináveis que a  Vera, prima
Primavera deixou para você.

17 janeiro 2013

Do bem, vem pequena

Eu estou bem, pequena
Da alma ao coração
Da boca pra fora
Até a solidão me conta
Do canto da boca
Do canto do peito
Vem do Norte
Vem do Sul
Vem do Leste
Vem do Oeste
Vem do teu amor
E a alegria que me toma
Quando vem a tona
A tua volta.