24 agosto 2013

2:00 a.m de outra vida

2:00 a.m marca o relógio, sem querer acordei com o temporal que caía lá fora.
A janela com suas sombras dançando entre o reflexo das luzes da rua e os pingos de chuva que caíam respectivamente, invadiram meu quarto. Ao olhar pela janela, vi que a cafeteria da esquina estava aberta, sem que o acordasse, fui de encontro com o momento.
- Um café, por favor! -Pedi a garçonete, com a cara melancólica, ela portava uma foto de um homem com a cara de malandro, logo no bolço abaixo do avental. Devia ser seu namorado, pensei.
-O café, senhorita!
- Obrigada! - Respondi sem demora.
Observando a minha frente, um rapaz sentou-se na mesa que fazia de companhia a minha. Seu olhar penetrou no meu, e os dentes a mostra me deu uma cerimônia. Assenti que sim. O rapaz havia se sentado na minha mesa. Não nos falamos por uns minutos, o café esfriava e a chuva não parava.
- Você vem sempre aqui? - Não conseguia pensar em nada melhor para perguntar!
- Não! E você? - perguntou se fechando.
- O que você faz aqui? - Perguntei engolindo a pergunta que havia me feito. Ele riu desconcertado, triste mas mesmo na invasiva que fiz, respondeu sem que o silêncio voltasse a nos invadir.
- Fui pedir para que ela voltasse comigo, minha ex. Eu sei, parece patético não é?
- 2:00 da madrugada?! - No olhar daquele homem dava-se para ver aquela mulher em que o atormentava as lembranças.
Assenti que sim, e demos risos.
- Sim, é patético! - E o silêncio outra vez nos incomodava.
- Meu namorado mora naquele prédio do outro lado da rua!
- Sorte a nossa, não é? - E os olhares não se cansavam.
-  Estamos fechando! - Comunicou o garçonete do café, acabando com a festa dos solitários.
- Eu pago! - Disse ele sem que eu pudesse o  alcançar com uma resposta. E ainda perguntou:
- Posso te acompanhar? Digo, até o outro lado da rua?
Não via problema em deixá-lo me acompanhar, pobre homem, pensei!
Assenti que sim. O frio me tomava conta, atravessamos a rua e logo naquela melancolia agradeci.
- Espere! - Disse sem que ele fosse muito longe. Ele se aproximou sem entender. Eu o beijei no rosto. Ele me abriu um sorriso amarelo, como quem quisesse desabar ali nos meus braços. Não o vi mais, mas eu sabia que precisava estar ali, naquela noite. Fiquei com uma estranha sensação de que o conhecia em outra vida.