12 abril 2011

O estranho

Triste sensação de acordar e me sentir estranha, como aqueles dias em que acordo e vejo que perdi o dia todo e só me resta a noite calma e silenciosa.

Pode ser que por conta disso por fora eu tenha me acostumado assim, pode ser que por isso por dentro aproveito a noite para fazer minha bagunça. Bagunça noturna.

Inexplicavelmente é uma forma que tenho para pedir ajuda em todas as cores e religiões por essa agonia, pra que esse desespero não se repita no dia seguinte ao acordar. Por esse rumo perdi a saída, um bloqueio devastador em meu pensamento mais claro.

A insaciável morbidez acabou me acostumando, já não consigo distinguir se estou sonhando ou se as coisas a minha volta estão mesmo acontecendo. Por mais que faça um sol que arde a pele só de respirar.

Os dias parecem inacabáveis e insuportáveis, a culpa é dessa espera louca por algo que não se sabe o que é. A espera cansativa de que tudo acabe só me consome a cada noite mal dormida, e o positivismo me anima por algumas horas, até dias, meses....Mas quando não me falha a memória, percebo que se passou a vida por mim com seu tempo turbulento.

A pouca certeza que tenho é que se não consigo me livrar do que temo, preciso passar a entender melhor o que me tira o controle. Para que enfim eu possa conviver com tanta desunião entre meu coração, alma e pensamentos. Da forma suportável.

O meu preço é saber em que ocasião me desfazer. Aceitação é um ato mais corajoso que consigo fazer no momento, é o que precisa ser feito. Meus dias então serão assim, estranhos, sem rumos até que eu consiga entender do que se trata.

O fato é, ter cuidado para não gostar desse veneno ao ponto de morrer de cegueira. É um risco que corro a partir de hoje, porque agora essa sou eu, uma completa estranha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário